quinta-feira, 28 de julho de 2011

Onde Tudo Começou (ou o que quer que seja)

Esse ponto aqui eu vou editar e reeditar várias vezes.
Não consigo pensar como tudo começou, só sei que começou e não vai terminar. Indo pro céu ou inferno ou purgatório essa coisa vai me estar comigo eternamente.

Desde criança, sempre quieto, observador, inteligente demais, hábil com as palavras; era bom pra vender, não me enganava no troco, nunca tive problemas na escola, sempre cercado de boas amizades.
Vou crescendo, os livros (seres que me educaram), e mais livros. Poucas festas, baladas, fui adolescente sem drogas, sexo e rock n roll.
Estranho falar que meu primeiro copo foi aos 19 por aí. O segundo, já aos 25 anos.
Até palavrões, claro que eu conhecia palavrões, só que o meu falar era muito educado. Só vim falar em gíria e palavrões após os 16 anos. Até então, claro, se eu tô num jogo de futebol, impossível não falar filadaputa e porrameu.
Só que eu computo isso a um momento particular. Minha linguagem era educada demais.

A mente era voltada ao trabalho e aos estudos.

Nada anormal.
Adquiri fama de sábio, amigos sempre tinham bons papos comigo, só que...
Comecei a perceber que meu humor mudava muito, eu cresci e era criança ao mesmo tempo. Ria e chorava...
estranho, com tantas qualidades positivas, ainda era um adolescente que morava (moro) num barraco e nunca teve namoradas tampouco algo de valor, pelo menos um emprego considerado bom (era servente de pedreiro) ou uma bicicleta...

Amigos vinham, amigos iam... E eu continuava o mesmo.
Aos 16 percebi realmente que eu tinha momentos de desânimos... No trampo, sempre começava da melhor forma possível, mas a energia ia se esgotando, tudo ficava enjoado...
Na escola, tudo tava meio chato, o sistema escola já não era tão querido por mim, achava perda de tempo, preferia ler e estudar sozinho em casa...

Fico adulto, recatado e ainda na vida mesma. Financeiramente nenhuma novidade.
Fiquei famoso com minhas aulas de inglês. Aprendi sozinho em casa, me convidaram pra lecionar, saí da construção civil direto pra uma sala de aula.
De repente me vi cercado por crianças pulando de uma cadeira a outra...
O clima era ótimo, eu encarava o humor espontâneo da meninada. Nunca achava ruim as traquinagens, controlava a bagunça de forma magistral.
Me orgulhava de ser um professor que não chegava tentando impor respeito. Era capaz de lecionar ao mesmo tempo deixando todo mundo livre (isso me causou problemas, mas não vou me antecipar ainda).

E o tempo passa... Vem a faculdade, vem o concurso público, já havia um grupo de menos quotados que achavam que eu não regulava bem, só que esse grupo sempre vai me temer se eu entrar num concurso onde eles estão.
Viro professor, enfim. Concursado, com a faculdade, com muita capacidade de trabalho, com a vida ganha, só que...

Havia algum tempo que eu vinha dando problemas na escola. Nunca concordava com ninguém, me sentia rejeitado e sentia minhas ideias sem projeção nenhuma, parecia que era sempre ignorado (escola, doente ou não, é assim mesmo, infelizmente)...
de repente ninguém gostava de mim, até mesmo os estudantes não estavam mais gostando...

No ano de 2005, o rosto formigava... eu era capaz de ler a alma das pessoas, sentia toda angústia de todo mundo, via que em pequenas ações, iria desencadear um processo no elo da vida que ia dar em...
era capaz de produzir teses de doutorado olhando um jogo de futebol ou até mesmo jogando video game ou tetris...
tudo tinha muito significado pra mim...
E ninguém me entendia.

Óbvio que muitos admiravam capacidade de análise...
mas eu tava cada vez mais amargo e já não escondia meu pensamento de ninguém. Achava que pessoas não deveria ter máscaras, poderiam ser o que quisessem ser invés de ficarem humilhadas assumindo um papel bobo em nome do andar da charrete social... Ri-dí-cu-lo.
Não nasci pra interpretar, vou fazer o que me dé na telha e que o mundo seja feliz ou que se foda.

Com tanta putaria ouvida dos estudantes, eu não entendia o porquê de reprimí-los... eu incentivaria ou até mostraria esse lado ruim pra que eles vissem e sentissem onde um mal exemplo do pensamento levaria.
Na escola, sempre aparece as menininhas aliciadas. É fácil reconhecê-las, elas sempre vão aparecer do dia pra otro vestidas de forma diferente... Vão usar sempre o celular, sempre quem vai telefonar vai ser a avó, tio, tia, padastro, pai, mãe... ... ...
Dificil controlar essas mulecas porque elas se sentem vigiadas e eu, professor, sou representante legal dessa vigilância, eu sou o indesejado, o chato, o desmancha prazer. Eu sou o que não fôdo e nem deixo os outros foderem.

Até que enquanto eu sou o chato, tudo bem. O diacho é quando essas meninas aparecem após a primeira transa... Acham que sabem de tudo e eu não sei de nada.
Acham que podem tudo...
Ora justo eu, o pensador rebelde, aquele que diz viva e deixe viver... Eu tenho prazer em oferecer aos que me são caros o melhor de mim, que é minha sabedoria e conhecimento, experiência...
eu não nasci pra controlar ninguém, eu mostro o que é que há no mundo, analiso, se acreditarem em mim, tudo bem, se não tem cabeça pra acompanhar um raciocínio... azar... o mundo é e sempre foi de quem utiliza bem as informações que recebem...
Se vão pra vagabundagem, ótimo. Se não fosse a puta eu me mataria na punheta.
Desde quando esse mundo virou essa putaria das casas de esquemas e aliciamentos por adultos das mais variadas classes sociais, policiais, juizes, prefeitos, vereadores, professores, médicos, pais ...
Eu denuncio os males do mundo, não quer dizer que eu combata ou seja contra
se eu pego uma dessas menininhas servindo de objeto, não tenho nada a ver com isso.

Parece bonito, mas esse falar agressivo me custou muita confusão e maus entendidos... E eu encarava quem viesse... nunca gostei de autoridades, sou inimigo público, desrespeito o que quer que seja, sou contra o modismo, o sertanejo universitário, a tatuagem rente a bucêta, o piercing, o brinco e a literatura fajuta...
Como ja disse, tenho ojeriza a máscaras, o meu falar educado de criança mudou pra algo bem agressivo.
Eu falo porque pessoas precisam ouvir.
E não adianta vir a minha frente com mesuras, bajulações, conheço o pensamento de quem quer que seja e o que tenho pra fazer ou dizer, é agora e na cara.

Não preciso dizer que a fama de louco aumentou.

Associava 1000000 assuntos em um só. Tanto faz se era porco, estradas e chupada no pescoço. Eu pegava tudo e dava um jeito de unir tudo e dizer o que tinha a ver um com o outro...
Se me dessem uma poesia pra ler... ... ... ... .... ...

O dia passou a ser negro, me lembro que era por volta das oito da manhã quando eu senti o ar, fumaça, vento seco, e percebi a tristeza em tudo... e fiquei triste, triste a ponto de desejar a morte.
Eu só queria era morrer, tudo na vida ... não fiz nada até agora, pra que tanto talento??
E pedi a Deus que me tirasse desse mundo.

Tinha uma sonolência do caráio... Passava o fim de semana dormindo o dia todo. Some o professor que estava sempre no serviço meia hora antes e aparece o professor com nojo de escola e estudantes. Aquele que aparece sempre hora depois ou nem aparece "só piso numa sala-de-aula se eu quiser, ninguém me obriga; se não quero, não sei pra que aparecer aqui"

Eu já havia tido muitos momentos ruins, mas era a primeira vez na vida que eu queria morrer. Isso era novidade pra mim.
Passo a não planejar aula (nunca fui bom nisso mesmo), improvisava sempre (pra que estudar? eu sou a própria sabedoria (e sou mesmo)... )))
E passei a não fazer diários nem nada. Passei a não estudar mais. Não conseguia me concentrar em nada.  A mente flutuava, um fluxo de pensamentos, intensos a ponto de eu ver materializado o que pensava, durante a noite o troço não parava, eu já não sonhava mais, o sono não me descansava (aliás, detesto dormir, perda de tempo)
acordava mais cansado do que antes...

Compulsão pra bebida... O que me salvou é que o corpo novo pro álcool, fazia com que eu moderasse a bebida naturalmente. Não aguento duas latas de cervejas, já fico porre e sou obrigado a parar.
E... sempre e sempre gosto de me controlar... quero dizer, nunca faço nada por impulso momentãneo...
Quando eu sentia a vontade imperiosa de beber, eu não bebia.
Mesmo assim, a quantidade de álcool aumentou pra quem não tinha o hábito da bebida.
Pensei em ter um bar em casa, beber era uma Arte ... ;;;;;

Planos e planos pro além e a grana não dava pra nada e eu tava triste e querendo morrer...
única coisa que me deixava vivo era o jogo de xadrez, desse eu nunca enjoei.

Pensei em arrumar uma companhia, amigos meus dizia "tu ta assim porque tu não fóde. Arruma mulher, cara...
cara tu ta assim porque tu não vai em festas, tu ficou doido de tanto estudar, vai numa festa e bebe uma cachaça...
cara, arruma uma mulher que isso passa
cara... "

Tesão do caráio. Antes eu não fazia sexo, agora só pensava em pornografia... Uma tara do caráio...
Nisso também fui feliz, nunca olhei pra uma estudante com lascívia, ninguém nunca me ouviu comentar sobre uma estudante em particular, a não ser o "elas são bonitas", até hoje digo isso com respeito, a juventude é bonita.
É nesse sentido que eu tô olhando pras meninas da escola. Meninos entram nisso também.
É sempre bonito ver o sorriso do pessoal novo...
mas eu era o tarado... só pensava em fudê. E quando começava não parava mais... ou pior.. mulher chegava e eu já não queria mais nada, quando saía, o tesão voltava...
Era esse eterno irregular em tudo.

Saí de uma escola pra outra, expliquei o que tava passando... até então, problemas psiquiátricos pra mim era friscura, falta de pau na rôsca, taca no rabo...
Alguém na escola que já tinha passado por isso, graças a Deus, levou a sério... e me sugeriu que eu consultasse uma psicóloga.

Já havia me consultado com a psicóloga durante as férias, só que eu julgava que iria trabalhar normalmente... Nesse dia, voltando, expliquei que eu tava pior... ela me conduziu à perícia médica...
"pede uma folga, isso é cansaço, dá um tempo" (todo professor sonha com essa folga, por isso, nem discuti)
Na perícia: "Tu tem que arrumar um psiquiatra, toma um mês de licença pra você me arrumar um"
O psiquiatra: "Então, raimundo, qual o problema?" &¨¨%$###@@#!!!!!!######      ***&%%$$## ... .....
e deixei a minha lata de cerveja no piso quando saí...
Em 10 minutos o doutor tava branco, arrepiado... "claro, faça isso, você vai precisar sim, claro, claro.."
"olha,,, faça esses exames, tome esses medicamentos aqui e você vai ficar bem (era lítio, seroquel e não lembro o outro), faça um exame de dosagem de lítio... tem que tomar logo esse remédio porque o exame tem que esperar 20 dias... "
Nem perguntei o que eu tinha. Recebi 2 meses de afastamento...

— E aí, como é que você ta??
— Tô ótimo doutor... só que não me dei bem com esses remédios não. Senti agonia, sentava dava vontade de levantar, levantava, dava vontade de sentar... agonia...
— Então vamos mudar a dose...
Expliquei que eu tinha bebido álcool pra cortar a dose da medicação, a agonia com um me fez parar e experimentar todos alternadamente pra saber qual me dava agonia...

                                        (***)
"Tô ótimo doutor (tava uma pôrra)... já posso voltar ao trampo. Eu sempre disse que esse negoço de problema mental, depressão é friscura... volto ao trampo, meu habitat natural...."
"Você ainda não tá pronto não, mas eu vou te dar um desvio de função... você volta à escola, mas sem trabalhar em sala de aula"
                                                    (***)

— Aliás... doutor, qual é o problema que eu tenho??
— Raimundo, eu suspeito que você seja bipolar (veio na cabeça a imagem de uma antena parabólica) (nem pensei em perguntar o que diacho era isso... a mente já tava a mil por hora... não sei, não olhei pro doutor pra saber se ele percebeu que tinha dito uma grande besteira)
                                                  (***)
Google... [type]bipolar[type]... dr. ivon cury (um merda)... orkut ... ... ... (e eu me perguntava por que será que eu nunca conseguia começar um serviço e terminá-lo) ... ... putakiparíu...
Passei o dia todo, noite, mais de ano lendo tudo que eu via sobre... via os depoimentos... vi todas as informações possíveis... até a que mais me chocou....
O transtorno não tem cura.

Sem forças... nem cabeça pra ler tinha... mais ainda consegui pensar: Remédio de cú é rôla... eu juro que vou vencer essa doença e sem medicamentos.

E assim eu tô  por aqui hoje postando.
No mês de abril começou a minha jornada, desde que procurei a psicóloga e fui a perícia médica. Fazem 5 anos...
Duas copas do mundo... E eu ainda sigo em desvio de função na escola...
Muita água rolou de lá pra cá. E cá tô sem medicação e me considerando perfeitamente estabilizado (só que ninguém me chame pra acordar cedo)
2:41 da manhã e eu decido escrever aqui de repente. A bipolaridade ainda me influencia bastante...
não sei quem sou, se o que escrevi aqui fui eu ou a bipolaridade...

A verdade é que eu jurei controlar esse troço e tô conseguindo.

Nesse blog eu vou preencher as lacunas nos próximos posts que ficaram faltando...
tomara que eu consiga colocar aqui o que é viver com essa doença sem usar medicação. Como o médico me despachou e como eu consegui, por milagre, achar um médico que achou que eu iria me controlar...

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